quinta-feira, 31 de março de 2011

AS CULTURAS E A ARTE DO REAPROVEITAMENTO

É importante relatar fatos importantes para mostrar ao mundo que podemos mudar a visão e a vida das pessoas. A iniciativa do artista plástico Vik Muniz ao realizar um trabalho com a comunidade dos catadores de lixo do aterro Gramacho, no Rio de Janeiro, visou gerar cultura e renda utilizando materiais descartados gerados do nosso uso no dia-a-dia, o lixo. O objetivo de Vik foi mudar a vida dessas pessoas por meio da Arte.

Na visita ao Museu Afro no dia feita em 27 de fevereiro deste ano, notamos que as fantasias usadas nas festas populares, herança do Brasil Colônia e Folia de Reis são feitas de materiais reciclável do quais utilizam pedaços de vidros, fitas e outros. Os Foliões e os da Colônia utilizavam os materiais disponíveis e descartados para realizar suas festas. E na Folia de Reis, temos a recuperação dos materiais, da mesma forma em que mostra no documentário “Lixo Extraordinário”, conduzido pelo próprio Vik Muniz, que recupera os materiais para utilizar na montagem da arte, e ainda reintegrando estas pessoas no meio social do qual já são pertencentes, mas que são vistas por outras pessoas com um olhar que as difere e as julgam como se não pertencessem ao mesmo meio social.

Ao por em práticas a recuperação de matérias prima, fazemos a diferença em diversas coisas das quais não percebemos, como por exemplo: menos lixo nos aterros, a produção de produtos dos quais poderão ser reaproveitáveis, a economia, para o meio ambiente, a não destruição de mais matérias primas e infecção de rios e solos, e por assim em diante.

Com base nos textos “A Cultura do centro” de Luís Milanese e a “A Cultura da periferia” do Trabalho de Conclusão de Curso das alunas da FESP-SP, pode-se identificar as seguintes relações com as iniciativas citadas acima: na atuação do artista Vik Muniz que pertence a uma cultura de elite, desenvolve junto aos catadores de lixo um trabalho de reaproveitamento de materiais e transformando-os em Arte, que não é muito diferente da Folia de Reis que também reaproveita materiais para criar arte popular.

Estão claro no texto três tipos de Culturas: a Cultura de Elite, a Cultura da periferia e a Cultura popular.

No texto “A Cultura do Centro”, o autor expõe o quanto está difícil entender o conceito de cultura, onde para a maioria da população o conceito discorre de valores simbólicos, como alguns casos em que o autor cita no texto. O Caso da posse da “sabedoria” e o “ter”, de “ter sabedoria” e o do “possuir”, o acúmulo de riquezas materiais, ou seja, o homem é “culto” por falar ou escrever palavras difíceis, desconhecidas, do dia-a-dia.

No caso da Cultura de periferia a sociedade impõe o uso errado das palavras “periferia” e “cultura”, que são tratadas como sinônimos. São colocações preconceituosas, como por exemplo: “levar cultura à favela“ ou “favelas são locais carentes de cultura”, que tratando desta forma, é o mesmo que dizer que estas pessoas não têm cultura e que são incapazes de produzir cultura. Se analisarmos o trabalho de Vik, ele trabalha um desenvolvimento de transformação da Cultura daquela terminada comunidade, ou seja, aumentou o conhecimento daquelas pessoas e mostrando a capacidade criar novos caminhos. Neste caso é Cultura em cima de Cultura.

Outro fator clássico é o que difere a classes sociais, onde a classe alta pode obter produtos mais caros e finos; a classe pobre aceita seu destino com mais facilidade por não ter auto-estima; enquanto a classe média fica no impasse de conhecer os valores materiais e simbólicos da classe alta e ao mesmo tempo angustiado por não poder obter estes por estar longe das suas condições. No documentário Lixo Extraordinário, a princípio, nas entrevistas em que Vik faz com os catadores de lixo, vê-se que apesar de todo o sofrimento, aparenta-se estarem felizes. Mas que com o decorrer da filmagem, eles vão se expondo e o sentimento de tristeza aparece. E que graças ao apoio do artista plástico de ajudar essas pessoas através da arte, a felicidade retorna criando novas esperanças e novas oportunidades.

Cultura Popular pode ser definida como qualquer manifestação cultural (dança, música, festas, literatura, folclore, arte, etc) em que o povo produz e participa de forma ativa. Ao contrário da cultura de elite, a cultura popular surge das tradições e costumes e é transmitida de geração para geração, principalmente, de forma oral. Exemplos de manifestações da cultura popular: carnaval, danças e festas folclóricas, literatura de cordel, provérbios, samba, frevo, capoeira, artesanato, cantigas de roda, contos e fábulas, lendas urbanas, superstições, etc. (SUA PESQUISA.COM)

A Cultura é uma das principais características do homem, com o poder de desenvolver. E que é impossível o desenvolvimento individualmente, pois a Cultura carrega uma memória coletiva. Portanto a cultura é um elemento social. Cultura é sinônimo dos modos de vida de um povo, pela interação destes.

Não importa a qual classe ou comunidade pertence, a cultura é tudo o que o homem através de sua racionalidade consegue executar e que desta forma, povos e sociedades conduzem suas maneiras de viver de forma tradicional ou arcaica, por conhecimentos adquiridos no passado e passando para as futuras gerações.


REFERÊNCIA

MILANESI, Luís. A cultura do centro. In: ____. A casa da invenção: biblioteca: centro de cultura. 3. ed. São Caetano do Sul: Ateliê Editorial, 1997.

MELO, Denise Alves; HIAGON, Ricardo; PAZINI, Tauany Clemente. A cultura da periferia. In: _____ Saraus na periferia da Cidade de São Paulo: práticas de ação cultural. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado) - Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 2010.

WIKIPÉDIA. Cultura do Brasil. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_do_Brasil. Acesso em: 26 mar. 2011.

SUA PESQUISA.COM. Cultura Popular. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/cultura_popular.htm. Acesso em: 26 mar. 2011.

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